Este governo especializado em cortes e pouco habilitado em medidas de investimento, anuncia aos quatro ventos a agressão imposta pelo FMI/BCE/EU, sempre com o argumento de redução do défice, afirmando esta linha matriz orientadora em regime de exclusividade assumida inteiramente pela parceria formada pelos dois partidos de direita e com o aval do Presidente da República para a concretização destas opções políticas.
 
Há um país que vive todos os dias mergulhado neste mar salgado de medidas avulso, sem serem devidamente justificadas, quando sabemos que outros caminhos são possíveis para aumentar as receitas do Estado e diminuir a despesa como seja a taxação dos paraísos fiscais, imposto sobre os movimentos bolsistas ou o combate à fraude e evasão fiscal. Mas o que é que os portugueses vêem? Ataques dirigidos à sua condição de trabalhadores e contribuintes com cortes nos salários, imposto extraordinário no subsídio de Natal, aumento dos transportes, electricidade, gás, produtos alimentares, medicamentos, subida das taxas moderadoras e diminuição dos cuidados de saúde são alguns exemplos que o desastroso balanço de alguns meses de governação de direita têm imposto na vida dos cidadãos. No prosseguimento do acordo com a troika, o programa de Governo: ataca os direitos dos trabalhadores com a perspectiva de alterações à legislação laboral, designadamente em matéria de facilitação dos despedimentos, desregulação dos horários de trabalho, ataque à contratação colectiva e ao movimento sindical unitário, e também na eternização dos contratos a prazo, no recurso indiscriminado ao trabalho temporário e prevendo a possibilidade de não remunerar o trabalho suplementar.
 
Avança ainda com um acelerado conjunto de privatizações que se estende, para além das empresas públicas, a serviços públicos, designadamente centros de saúde e hospitais; e em simultâneo aprofunda a restrição de direitos sociais; avança ainda com um novo ataque à administração pública e aos seus trabalhadores; prevê a restrição do direito à saúde, a desagregação da escola pública e o plafonamento da segurança social, aumenta os impostos sobre o trabalho, a habitação e o consumo.
 
Ao nível do poder local, prevê-se a redução substancial das autarquias e a diminuição de verbas para a sua acção executiva, quando sabemos que este poder público é um dos pilares da democracia, pelas oportunidades de participação efectiva dos cidadãos, pela sua acção de proximidade com as populações na resolução directa dos seus problemas e aspirações, contribuindo verdadeiramente para a melhoria das suas condições de vida nas acessibilidades, transportes, saúde, educação, cultura, acção social ou prática desportiva.
 
Todas estas medidas estão a conduzir o país a uma situação de retrocesso social e crescente dependência que o programa subscrito com o FMI e a UE, a não ser derrotado, acentuará, comprometendo as possibilidades de desenvolvimento e crescimento indispensáveis à afirmação de um país de progresso e soberano no plano económico, social, democrático e ideológico.
 
Considerando que:
 
1.      O programa do Governo não constitui uma solução para os problemas nacionais, mas antes um factor que conduz o país para um dramático agravamento da condição de vida da sua população;
 
2.      A existência de alternativas políticas no processo de consolidação de medidas estruturais são soluções viáveis no quadro do desenvolvimento do país;
 
3.      O ataque ao poder local democrático, conquista de Abril indissociável do desenvolvimento do país e consequente diminuição das assimetrias regionais;
 
4.      Os trabalhadores e o povo têm não só o direito mas o dever de contestar e de derrotar, tomando nas suas mãos a responsabilidade de erguer com a sua luta a defesa dos interesses nacionais e a denúncia dos projectos que visam amarrar o país a um futuro de dependência.  
 
A Assembleia de Freguesia de Laranjeiro, reunida em plenário no dia 29 de Setembro de 2011, delibera exigir:
 
1.      Um processo de renegociação da dívida nos seus prazos, juros e montantes, compatível com uma estratégia de estabilização financeira sustentável, crescimento económico, equilíbrio das contas públicas e emprego com direitos;  
 
2.      Uma política de valorização e promoção da produção nacional que estimule diferentes sectores, reforçando o investimento público orientado para o crescimento económico;
 
3.      O reforço do sector empresarial do Estado nos sectores básicos e estratégicos que sustentem e dinamizem a economia nacional;
 
4.      A defesa dos direitos dos trabalhadores e o combate à precariedade, garantindo apoios e protecções sociais;
 
5.      Uma acção que fortaleça e qualifique áreas fundamentais do Estado, como a Escola Pública, o Serviço Nacional de Saúde e a Segurança Social;
 
6.      A manutenção das autarquias no seu quadro actual pelo importante papel na promoção das condições de vida local e na realização de investimento público.