O Grupo Parlamentar do PCP tomou conhecimento da decisão da CP vender como sucata material ferroviário de importante valor, bens e equipamentos considerados únicos existentes no Barreiro e no País e fundamentais para a conservação da memória neste domínio.

O prazo estipulado pela CP para receber propostas para venda do material circulante terminava no dia 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus. Poderá ter sido uma nota de humor negro do Governo ao assinalar a data também desta forma, alienando património ferroviário e inviabilizando a sua recuperação e tratamento museológico – enquanto organiza a operação mediática no Entroncamento.

Os deputados comunistas foram contactados no âmbito de uma iniciativa conjunta do Movimento Cívico para Salvaguarda do Património Ferroviário do Barreiro, Associação Barreiro-Património, Memória e Futuro e Associação das Coletividades do Barreiro. Estas estruturas cívicas e culturais reclamam que sejam tomadas medidas junto da CP, no sentido de assegurar que a anunciada venda de material circulante lançada por esta empresa, não seja realizada sem que previamente seja selecionado e parqueado em espaço museológico identificado, pelo menos um exemplar de cada tipo de carruagem e máquinas Diesel, usadas nas linhas do Sul e Sueste a partir do Barreiro.

As associações referidas têm realizado um trabalho intenso no sentido de preservar o Património Ferroviário do Barreiro que desejam integrado num Núcleo Local do Museu Ferroviário Nacional tendo já conseguido assinar um protocolo de comodato com a REFER para, em regime de voluntariado, assegurar a reabilitação, manutenção e limpeza da estação ferroviária do Lavradio. Na sequência dessas iniciativas, o Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações emitiu o Despacho n.º 7201/2013, criando um Grupo de Trabalho para estudo das soluções adequadas para o desenvolvimento e regeneração do Património Ferroviário do Barreiro. Ora, quando se esperava o relatório desse Grupo de Trabalho, suas conclusões e recomendações, afinal o que se verificou foi este concurso lançado pela CP.

Esta é uma opção lamentável que suscita as maiores preocupações destas estruturas, pelo futuro do Património Ferroviário do Barreiro, seu interesse na preservação da Memória da Comunidade, principalmente de sucessivas famílias de ferroviários que ao longo de 160 anos o construíram. As Associações consideram ser da maior importância a preservação de, pelo menos, algum do material circulante e outros equipamentos técnicos, que deveriam ser mantidos no Barreiro até que seja possível concretizar a realização de um Núcleo Museológico Ferroviário.

Tal como as Associações sublinham, os edifícios, estações e rotunda de comboios não podem ficar vazios e descaracterizadas de material circulante e outro espólio ferroviário. Este património faz parte da identidade da cidade do Barreiro e está na memória das suas gentes. A necessidade da sua preservação, como forma de salvaguardar parte da sua memória e história, deve orientar-se no sentido de dar continuidade a essa mesma identidade coletiva.

Os deputados do PCP, Bruno Dias, Francisco Lopes e Paula Santos, quiseram saber que medidas urgentes estão a ser desenvolvidas junto da Administração da CP para evitar a venda do último material circulante sem que previamente tenha sido assegurada a seleção de alguns exemplares para musealização, designadamente com o Núcleo de Património Ferroviário do Barreiro.

Também interrogaram o Governo para saber se este vai divulgar o Relatório do GT criado pelo despacho 7201/2013, qual o ponto de situação relativo a esse processo e que resposta foi dada pelo Governo aos contactos das referidas associações acerca desta situação.