A Sessão contou com a presença de Francisco Lopes, deputado do Grupo Parlamentar do PCP na Assembleia da República e membro dos Organismos Executivos do Comité Central.

A mão-de-obra feminina na Região encontra-se principalmente nos sectores do comércio e serviços, indústrias eléctricas, hotelaria e restauração, limpeza, na Administração Pública Central e Local. Do total de cerca de 53 200 trabalhadores desempregados no distrito de Setúbal, mais de metade são mulheres. Não só o desemprego tem aumentado mas também a precariedade dos vínculos laborais cresce, abrindo ainda mais o caminho para o desemprego.

As trabalhadoras têm razões comuns à generalidade dos portugueses para rejeitar as políticas de retrocesso social, de aumento da exploração e de desprotecção nas relações de trabalho. Mas, também tem razões associadas aos seus direitos e situações específicas para rejeitar as políticas de direita que vêm sendo seguidas.

As discriminações salariais são um dos problemas que as mulheres trabalhadoras enfrentam, e que existem em vários sectores de actividade. Por exemplo, numa grande superfície comercial uma "operadora especializada" que trabalha na secção de peixe ganha menos 84€ que o "oficial de carnes" no talho.Tratando-se de trabalho de igual valor mas salário diferente, o patrão utiliza esta discriminação salarial para aumentar ainda mais o seu lucro, explorando mais as mulheres trabalhadoras.

As discriminações salariais e os baixos salários têm a consequência imediata do vencimento mais baixo mas, também, em situações de recebimento de  subsídios (de doença, desemprego, licença de maternidade, etc.) e pensões, prejudicando a mulher em várias situações e momentos da sua vida.

Na sessão foram abordadas experiências de lutas que as mulheres trabalhadoras na Região estão a travar. É exemplo disso a luta das operárias da CSP, empresa do sector eléctrico situada em Almada, que rejeitaram o alargamento do horário de trabalho e a constituição de uma banco de horas. Como consequência do êxito dessa luta, evitaram a perda, nos últimos seis meses, de cerca de 2 mil euros do seu vencimento.

As alterações à legislação laboral, aprovadas por PSD, CDS e PS na Assembleia da República, foram também abordadas na sessão, destacando-se a necessidade de rejeitar a pressão e intimidação do patronato que, com esta legislação sentir-se-á "de mãos livres" para agravar ainda mais a exploração  nos locais de trabalho, já que legislação não tendo carácter impositivo (não obriga a que as empresas retirem 3 dias de férias nem elimine 4 feriados, por exemplo) configura uma desprotecção ainda maior dos trabalhadores em relação ao patrão.

Na sessão foi, ainda, valorizado o papel decisivo da participação das mulheres  não só na luta pelas suas reivindicações específicas mas, também, nas lutas gerais dos trabalhadores.

Além da intervenção de Francisco Lopes, a sessão contou também com intervenções de Paula Santos, deputada do Grupo Parlamentar do PCP na Assembleia da República e de Luis Leitão, coordenador da União de Sindicados de Setúbal da CGTP-IN.