Com justificada satisfação por finalmente o patrão ter aceitado voltar a pagar os acréscimos de cem por cento, em dia feriado, de 50 por cento, na primeira hora suplementar, e de 75 por cento, nas horas seguintes, Graça Fernandes e Sónia Sever contaram à nossa reportagem que foi ainda conseguido o pagamento do subsídio de alimentação nos dias de folga, com retroactivos, e que a empresa passou a respeitar também o tempo que no contrato está previsto para acompanhamento de filhos na escola. Esperam com optimismo que seja marcada a leitura da sentença sobre retroactivos de actualizações salariais anuais, que não levaram em conta o mês de Janeiro como referência para a sua entrada em vigor.

Mas a dirigente e a delegada do Sindicato dos Têxteis e Vestuário do Sul, da CGTP-IN, sabem que há ainda muito por resolver: os salários baixos e congelados (mais de dois terços dos cerca de 30 trabalhadores ganham o salário mínimo nacional, e os restantes não têm aumentos desde 2006); a igualdade no pagamento do subsídio de alimentação; o pagamento do Carnaval como dia feriado e, em geral, o cumprimento do contrato colectivo. Para dia 14, está convocado um plenário, onde serão debatidas estas matérias e se decidirá também a participação na concentração de 25 de Maio, em Lisboa, e na jornada de 30 de Maio, contra o trabalho gratuito.

Graça e Sónia reconhecem que é preciso vencer muitas pressões para que as trabalhadoras resistam ao que a empresa pretende impor, mas os medos acabam por ser vencidos e «nós, que damos a cara, nem somos das que mais sofrem» com as manobras patronais.