Na Península de Setúbal, destacamos a generalidade dos transportes públicos paralisados, nomeadamente nas travessias fluviais do Tejo, em que foram suprimidas cerca de cem circulações; na linha do Sado, em que circularam apenas os comboios dos "serviços mínimos" e mesmo estes com grandes atrasos; no Metro Transportes do Sul, com 75% de adesão, o que significa a maior paralisação de sempre; nos Transportes Sul do Tejo com uma adesão de mais de 70%; e a CP Carga totalmente paralisada.

    Na indústria a adesão à greve revelou o descontentamento dos trabalhadores: várias empresas não tiveram produção, como nos estaleiros da Lisnave, na Mitrena, a Parmalat, a Visteon, a Multiauto, a Rodiauto, a Tanquipor, a Cavan e a Citroen, e muitas outras com adesões muito significativas, com implicações na produção.

    A administração local paralisou quase completamente, com adesões entre os 90 e os 100% nas Câmaras e Juntas de Freguesia da Península de Setúbal, com serviços encerrados, a recolha de resíduos sólidos urbanos paralisada e a maioria dos mercados da região fechados. Na Amarsul e Simarsul registaram-se adesões importantes na ordem dos 70 e 60% respectivamente.

    No sector da administração pública central, foi forte o impacto, em particular no sector da saúde. Os hospitais e centros de saúde da região registaram forte adesão, particularmente nos enfermeiros, com adesões em todos os hospitais entre 85 e 100%.

    Os trabalhadores em greve, os desempregados, os reformados e pensionistas mostraram na rua o seu protesto contra o pacto de agressão, em Setúbal, Almada e Barreiro, com milhares de participantes.

    Esta foi uma grande Greve Geral, realizada pelos trabalhadores num quadro de empobrecimento geral do país, de enorme crescimento do desemprego e da precariedade, de silenciamento e manipulação sobre os motivos e a amplitude da greve. No próprio dia de hoje, a presença de forças policiais em vários piquetes, a escandalosa pressão de chefias e administrações de empresas, a substituição ilegal de trabalhadores, tudo foi tentado para intimidar quem aderiu à greve.

    O brutal ataque traduzido na proposta de alterações à legislação laboral em discussão na Assembleia da República, com discussão agendada para o próximo dia 28 de Março, confronta os trabalhadores com a eliminação de dias de férias, feriados, folgas e descansos compensatórios, e com o corte de 50% do valor das horas extraordinárias. Com o aprofundamento da desregulação de horários e criação de "banco de horas" individual ou grupal é objectivo do patronato obrigar o trabalhador a fazer até 12 horas por dia e 60 horas por semana, o que significará, além de enorme impacto na organização de vida das famílias, um corte médio de 30% das remunerações. A facilitação e embaratecimento dos despedimentos, através da introdução de razões subjectivas para poder despedir, e a redução da protecção aos desempregados constitui mais uma linha de ataque aos direitos contida nesta proposta de revisão do Código do trabalho. A contratação colectiva, fonte de direitos e de força de negociação favorável aos trabalhadores, é também alvo de profundo ataque, pretendendo o patronato a sua destruição.

    Como o PCP afirmou, a greve geral foi mais um passo no isolamento dos executores desta política e mais um passo na luta para a derrota do pacto de agressão e do pacote de exploração e empobrecimento. Uma luta que tem e que irá continuar já no dia 28 de Março, no plenário convocado pela CGTP-IN, na Assembleia da República, no dia da votação na especialidade do pacote de exploração; no dia 31 de Março na Manifestação de Jovens Trabalhadores, em Lisboa, convocada pela Interjovem/CGTP-IN; também dia 31, na manifestação nacional contra a reforma da administração local e a extinção de freguesias; nas comemorações do 25 de Abril e do Dia do Trabalhador; luta que continua nas empresas, nos sectores e na rua, na exigência do cumprimento dos direitos.

    O Executivo da DORS do PCP apela aos trabalhadores e às populações da região para que, na sequência desta extraordinária greve geral, reforcem a sua combatividade e unidade, nas empresas e nos locais de trabalho, nas localidades e nos serviços públicos, na certeza de que será com a luta que este Pacto de Agressão que querem impor ao povo e ao País será derrotado.


O Executivo da DORS do PCP

Setúbal, 22 de Março de 2012.