Na visita e contacto com os professores na Escola Básica de 1º Ciclo Quinta do Conde de Portalegre foram-nos transmitidas preocupações graves relativas à falta de funcionários. Nesta escola, para 270 alunos existem apenas 3 funcionários, sendo que existem períodos do dia em que está apenas uma funcionária de serviço. Numa escola com crianças entre os 5 e 10 anos é claramente insuficiente para dar resposta a todas as tarefas de acompanhamento dos alunos com necessidades especiais, vigilância, apoio às actividades lectivas, limpeza, apoio aos alunos. Este problema é extensível a todas as outras escolas do Agrupamento Paulo da Gama.


Foram também transmitidas preocupações relativas ao facto de existir apenas uma psicóloga para acompanhar todos os alunos do agrupamento, o que impossibilita objetivamente o trabalho individualizado com todas as crianças que necessitam de apoios especiais que assegurem a sua inclusão.


Para além de preocupações relativas aos cortes salariais, às alterações de regras para aposentação, o aumento da idade da reforma para os 65 anos, o aumento do custo de vida os professores transmitiram-nos ainda preocupações relativas à profunda limitação da Ação Social Escolar e ao facto de o escalão A não garantir a totalidade dos manuais escolares aos alunos abrangidos por este apoio.


A conclusão que o PCP tira destas visitas é que é inseparável de uma política educativa seguida pelos sucessivos governos do PS, PSD, PSD-CDS/PP, marcada por um profundo desinvestimento público nas condições materiais, humanas e pedagógicas da escola pública, e agora profundamente agravado pelo actual Governo com a aplicação do Pacto da Troika, que tem imposto cortes inaceitáveis.


Uma política caracterizada pela retirada de direitos e da degradação das condições laborais dos professores e auxiliares de acção educativa, de psicólogos e outros profissionais das ciências da educação através da precarização dos vínculos laborais; baixos salários; intensa e elevada carga horária; desresponsabilização do Estado central e municipalização da educação; cortes no investimento público visível na degradação física dos edifícios, salas de aula, bibliotecas, e instalações desportivas, e falta de trabalhadores para garantir estes serviços, com consequências graves para a qualidade das actividades lectivas e o processo de aprendizagem e conhecimento.


As necessidades permanentes das escolas com professores, técnicos especializados, funcionários são preenchidas com o recurso generalizado e ilegal à precariedade. O Governo só autoriza recurso a Contratos de Emprego-Inserção, para trabalhadores em situação de desemprego com duração de 12 meses, ou ao regime de horas (com horários de trabalho de 3 horas e meia por 3€ à hora). O concurso nacional para a colocação de psicólogos nas escolas não é feito desde 1997. A falta de psicólogos nas escolas, a instabilidade da precariedade laboral, o recurso aos estagiários coloca em causa o acompanhamento adequado a muitas crianças e jovens com necessidades educativas especiais.


O PCP está em profundo desacordo com as medidas consagradas no Pacto da Troika e implementadas pelo Governo que colocam já em causa a Escola Pública Gratuita Democrática e Inclusiva para todos. Continuaremos a apresentar medidas alternativas, por entendermos que o caminho do desenvolvimento económico e social é inseparável do reforço e reconhecimento dos direitos e do papel do Estado na garantia do direito à educação, à saúde, à habitação, ao emprego com direitos, à protecção social.


Os deputados do PCP, Rita Rato, Bruno Dias, Francisco Lopes e José Alberto Lourenço, quiseram saber que medidas urgentes vai o Governo tomar para garantir a colocação efectiva de assistentes operacionais nesta escola e nas restantes do Agrupamento Paulo da Gama, qual o número de postos de trabalho para assistentes operacionais previsto no mapa de pessoal da escola e qual o número de postos de trabalho para assistentes operacionais previsto no mapa de pessoal de cada escola do Agrupamento.


Os deputados do PCP interrogaram também o Governo sobre o número de trabalhadores contratados à hora no Agrupamento e qual o número de Contratos de Emprego-Inserção a trabalhar nas escolas do Agrupamento.


Os deputados perguntaram também se o Governo reconhece que, ao não repor o 4º e 5º escalão do Abono de Família, está a deixar de fora do apoio da ASE milhares de estudantes que a este deveriam ter acesso e que medidas vai tomar para que os alunos com escalão A tenham acesso à totalidade dos manuais escolares de forma gratuita.