Com efeito, o que era uma ligação direta Setúbal/Algarve deixa de o ser, passando a existir necessidade de transbordo, com tudo o que isso implica. Esta opção política de redução de circulações, associada aos horários praticados (em algumas situações, completamente desfasados da necessidade da procura) e ao tarifário em vigor, representa um claro desincentivo ao transporte ferroviário.

Entretanto, tendo ficado o Pinhal Novo como ligação central da Linha do Sul/Algarve, é também incompreensível a decisão da CP, de encerrar o Posto de Tração e de Revisão que ali funcionava, e que deixou de o fazer no passado mês de Janeiro. É portanto também um ataque aos trabalhadores e aos seus postos de trabalho, sendo promovida a transferência dos trabalhadores sem ter em conta a sua vida familiar e o encerramento de diversos locais de trabalho.

O encerramento dos postos de Tração e de Revisão no final de Janeiro de 2012 é feito na sequência daquilo que a CP considera uma "restruturação de serviços e da oferta ferroviária", e foi decidido defraudando a expectativa dos trabalhadores que aqui pertencem desde a criação do posto em Junho de 2004.

As sucessivas reorganizações da CP, sempre tendentes a minimizar o serviço regional, estão assim a ter consequências para aqueles que diretamente dependem do que deveria ser o principal motivo de existência de uma empresa de serviço público de transporte ferroviário, servir as populações, criando e mantendo os postos de trabalho.

Os deputados do PCP, Bruno Dias, Francisco Lopes e Paula Santos interrogaram o Governo para saber se este vai ou não tomar medidas para que seja revertida esta decisão de encerramento dos postos de Tração e de Revisão do Pinhal Novo. Os deputados do PCP também quiseram saber se o Governo considera que, eliminando sistematicamente serviços, postos de trabalho e ligações do transporte ferroviário, estará porventura a construir um futuro de desenvolvimento económico e criação de riqueza.