O PCP entende que a posição da TST merece total reprovação, por ser contrária aos interesses das populações e da necessária estratégia de reforço do Sistema de Transportes Metropolitano, ao serviço do desenvolvimento da Região.
A concretização desta denúncia afectaria gravemente a vida dos utilizadores dos passes multimodais e combinados, implicando a aquisição de pelo menos dois títulos de transporte para realizarem as suas viagens quotidianas. Condenaria à imobilidade a parte da população que tem menos recursos económicos, nomeadamente a idosa e reformada, para além de enfraquecer a abrangência e utilidade do próprio Passe Social Intermodal.
Esta atitude soma-se a outras da Administração da TST, de redução de horários e carreiras e aumento de preços.
A concretizar-se esta decisão por parte da TST, assistir-se-á a mais uma segmentação tarifária de um operador, em detrimento da necessária intermodalidade. Esta ameaça da TST vem reforçar as posições anteriores do PCP, da necessidade de reforço da influência e abrangência do Passe Social Intermodal, num título único que permita a utilização integral da rede de transportes da Área Metropolitana de Lisboa, independentemente do operador e que sirva melhor os utentes e o desenvolvimento económico.
O Passe Social Intermodal é uma conquista da revolução de Abril, que significou a consagração da mobilidade como um direito, tendo assegurado aos utentes do transporte colectivo o acesso a uma oferta diversificada e abrangente, num sistema tarifário simples, a preços económicos, que veio racionalizar e simplificar o acesso ao transporte.
Não se confinando às deslocações pendulares diárias, para trabalhar ou estudar, o Passe Social Intermodal deu às populações outras possibilidades de mobilidade, alargando-a à cultura, ao desporto, ao recreio, ao lazer, sem que tal representasse custos adicionais.
Para além disso, o Passe Social Intermodal é indissociável de uma estratégia de dissuasão da utilização do transporte individual e de salvaguarda do meio ambiente, bem como um importante factor de coesão social e territorial, constituindo-se como um dos elementos essenciais à implementação de um sistema integrado de transportes públicos, vital para a melhoria da qualidade de vida e um factor estruturante do desenvolvimento.
A posição da TST demonstra que não está comprometida com o serviço público e que não tem pejo em utilizar os seus utentes como “arma de arremesso” contra o Estado, quando deveria imperar a procura de um melhor serviço prestado e mais equitativo. A TST chega ao ponto, em declarações recentes e por escrito ao “Setúbal na Rede” de ameaçar igualmente os seus trabalhadores, afirmando que “os postos de trabalho estão em causa”.
Esta decisão, a concretizar-se, irá enfraquecer ainda mais o Passe Social Intermodal enquanto elemento essencial na garantia da mobilidade das populações, como título de transporte de acesso universal ao serviço público de transportes, de insubstituível importância socio-económica, de inegável factor de justiça social e importante incentivo à utilização do transporte colectivo.
O PCP reafirma a sua posição de sempre, de que o Passe Social deve ser válido em todos os operadores da Área Metropolitana de Lisboa, sem aumento de preços.


Governo deve assumir as suas responsabilidades e reavaliar a concessão
A cumplicidade do Governo e da Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa com as intenções dos operadores privados de transporte é grave, não só pelos impactos gerados junto dos utentes e população, mas também na desarticulação criada no Sistema de Transportes Metropolitano.
Face a esta situação, o PCP considera que o alheamento de quem tem responsabilidades governativas e de Estado é inconcebível, pelo que se exige que o Governo chame a si a resolução deste problema, examinando o conjunto de alternativas que podem responder a esta situação, que envolvem não só a urgente reavaliação das condições do contrato de operador de serviço de transporte de passageiros das empresas privadas que estão em confronto com as obrigações que assumiram, mas também a possibilidade da assumpção por parte de um operador público dos actuais serviços prestados pela TST à população.
O PCP apela aos trabalhadores e utentes da TST para que, com a sua reivindicação e luta, defendam o serviço público de transportes, nomeadamente participando na Greve Geral de 27 de Junho.


O Executivo da DORS do PCP