A CDU alcançou no concelho do Seixal um significativo resultado, cerca de 19% e mais de 14 mil votos, sendo de realçar que a CDU foi a força política mais votada na Aldeia de Paio Pires (facto que não ocorria há duas décadas) e no Seixal. Resultado só possível com o empenho activo e militante de centenas de comunistas, ecologistas e independentes, pelo que se saúda calorosamente todos os que concretizaram a acção "um milhão de contactos por uma política patriótica e de esquerda" que fez desta campanha eleitoral uma grande jornada de esclarecimento e diálogo com a população do concelho do Seixal.


No distrito de Setúbal, a CDU manteve o quarto Deputado, o resultado obtido, mais de 82 mil votos e 19,65% constitui uma inequívoca consolidação da expressão eleitoral que nos últimos anos, eleição após eleição, a CDU vem registando. No plano nacional, a CDU cresceu em expressão eleitoral e elegeu mais um deputado, pelo círculo de Faro, reforçando o seu Grupo Parlamentar (de 15 para 16). O voto de mais de 440 mil eleitores que expressaram a sua confiança na CDU é tão mais importante e valorizável quanto foi necessário anular resignações e medos instalados, vencer a dissimulação daqueles que nunca revelaram os seus verdadeiros programas e intenções políticas, bem como combater artificiais bipolarizações.

 

Face a este resultado não é de estranhar que os mesmos comentadores e politólogos ao serviço dos grandes grupos económicos e que vêm anunciando desde há muito o enterro do PCP e seus aliados, tenham aproveitado a quebra eleitoral do BE e consequente perca de deputados, metade do seu Grupo Parlamentar, para decretarem a derrota dos partidos que se opõem à Troika, procurando assim desvalorizar o significativo resultado da CDU.


Sublinhamos a dimensão da derrota do PS, tendo menos cerca de 30 mil votos no distrito. Este resultado negativo é a expressão concreta do descontentamento popular face às políticas de direita ruinosas que o PS levou a cabo nos últimos 6 anos e que arrastaram o distrito para o caminho da destruição do aparelho produtivo, do desemprego e da pobreza, apesar das promessas de investimento no distrito e no concelho. Os anos de governo PS ficaram marcados pelo desinvestimento na região e não assumpção dos compromissos assumidos, sendo disso exemplo o Hospital no Seixal, centro de saúde de Corroios, as esquadras da PSP ou a Loja do Cidadão em Amora.


Os resultados obtidos pelo PSD e CDS, foram certamente fruto das desastrosas políticas de direita do PS, mas também podem ser apresentados como resultado do que falsamente prometeram, porque iludiram e enganaram os eleitores escondendo o memorando que subscreveram com o FMI e a UE e as gravosas medidas que contem. A Comissão Concelhia do Seixal do PCP, não pode deixar de registar a deplorável atitude e declarações do Presidente da República, na véspera e no dia das eleições, que representou não só uma intolerável pressão sobre os eleitores, expressa na inaceitável e ilegítima negação aos cidadãos que decidissem não votar, do direito ao protesto e opinião sobre o futuro do país, como constitui uma declarada intromissão nas opções eleitorais dos portugueses com base na insistência da escolha sobre "quem vai governar", o que configurou num claro apelo ao voto nos partidos da politica de direita.


Perante os desenvolvimentos da situação política e social esperam-nos tempos muito difíceis, com graves consequências para os trabalhadores, o povo e o país. Não apenas porque a situação do país apresenta sérios e graves problemas, mas sobretudo porque a intenção da política de direita e de quem se prepara para a executar e lhe dar suporte é a de carregar mais e mais sobre as condições de vida dos portugueses à custa das benesses e apoios destinados aos grupos económicos e ao capital financeiro. Tempos difíceis que exigirão uma firme resposta de resistência e luta dos trabalhadores e das massa populares e de todos aqueles que serão atingidos pelas medidas que terão de ser aprovadas pelo governo e pela Assembleia da República.


Luta que contará com a presença e a determinação do PCP para ao seu lado defender os direitos e o emprego, valorizar salários e pensões de reforma, apoiar os pequenos e médios agricultores e empresários, fazer pagar à banca, aos grupos económicos e às grandes fortunas o preço pela crise que eles próprios criaram.


Certamente que PSD/CDS e PS, mais os seus comentadores e fazedores de opinião de serviço, irão invocar os votos obtidos pelos partidos da politica de direita para

legitimar o programa de ingerência externa que mantiveram escondido, para justificar as medidas que preparam de maior injustiça, exploração, empobrecimento e declínio. Um programa que de tanto o quererem esconder do povo, o subscreveram em inglês e o foram alterando sem nada dizerem a ninguém. Esse pacto de submissão é ilegítimo e só vincula a banca e os seus homens de mão, não vincula o povo que irá ser penalizado pelas medidas do memorando e beneficiará os interesses dos credores, dos especuladores e da banca.



Os tempos que se avizinham exigem forte resistência e luta contra a política de direita e por uma política patriótica e de esquerda.



Reafirmando o compromisso assumido desde a primeira hora os deputados eleitos pelo PCP irão apresentar no início dos trabalhos parlamentares um projecto de resolução com vista à abertura imediata de um processo de renegociação da dívida.


O PCP apresentará igualmente iniciativas para valorizar os salários e as pensões, para combater a precariedade, defender os direitos dos trabalhadores, a valorização dos serviços públicos, a dinamização do mercado interno, a defesa dos Micro, Pequenos e Médios Empresários. Os eleitos da CDU pelo círculo de Setúbal serão como sempre na Assembleia da República a voz dos trabalhadores e das populações denunciando os ataques de que são vítimas e defendendo um projecto de desenvolvimento regional que assente na produção nacional e no desenvolvimento das potencialidades da região nas áreas da indústria, da agricultura, das pescas, dos serviços e da investigação científica.


Para o indispensável reforço do Partido e da luta por uma política patriótica e de esquerda, a situação exige que prossiga e se aprofunde a dinâmica de contactos e mobilização desenvolvida no quadro da campanha eleitoral. Neste sentido assume particular importância a Festa do Avante! grande iniciativa política e cultural de massas para cujo êxito todo o colectivo partidário é chamado a contribuir.


Com o ânimo e a confiança que os resultados destas eleições nos dão, com a convicção de que, com a luta dos trabalhadores e do povo (incluindo os atingidos por estas políticas que agora votaram no PSD e no CDS na expectativa de mudança), será possível construirmos uma política patriótica e de esquerda, pela defesa dos interesses dos trabalhadores e do Povo, da soberania e da independência nacional.