É neste prisma que deve ser entendida a realização da próxima Cimeira da NATO, em Lisboa, no próximos dias 19 e 20 de Novembro, e a proposta de revisão do conceito estratégico desta Organização militar.
Nascida no pós-2ª Grande Guerra, em 1949, como forma de legitimação da presença militar americana na Europa após o fim do conflito mundial, a NATO tem, desde sempre, desenvolvido a sua acção com base na defesa dos interesses hegemónicos do seu promotor, os Estados Unidos e o ataque e confrontação directa com todos os regimes de carácter progressista, seja na Europa, seja no resto do mundo. Só assim se poderá entender que Portugal, então vivendo a fase mais opressiva da ditadura salazarista, tenha sido convidado a ser Estado-membro fundador desta organização, que se diz democrática.
Com o fim da guerra-fria, a NATO, que perdia agora a legitimidade proposta publicamente, teve que se reinventar, tendo-se procedido a uma revisão do seu conceito estratégico, que passava a incluir a acção directa em casos humanitários e/ou em defesa de possíveis ameaças militares fora-de-área (fora das fronteiras dos seus Estados-Membros). Foi com esta desculpa que se procedeu à sangrenta intervenção na Ex-Jugoslávia e no Kosovo, com os sucessivos
bombardeamentos que atingiram primordialmente as populações.
O 11 de Setembro de 2001, e a campanha subsequente dos Estados Unidos, deu novas desculpas à NATO para alargar ainda mais o seu espaço de intervenção, agregando agora a luta contra o Terrorismo como justificação para a intervenção militar e novos atentados contra as populações civis, por todo o mundo, como demonstram os resultados da intervenção no Afeganistão.
Agora, na sequência dos fracassos provados das intervenções no Afeganistão e Iraque, a NATO pretende reinventar-se como força de intervenção rápida, como instrumento de pressão e de controlo prepotente de Washington, através da adopção de um novo conceito estratégico, a adoptar nesta Cimeira de Lisboa, que permitirá a intervenção directa em qualquer parte do mundo, sem necessidade de aprovação ou fiscalização por parte das Nações Unidas ou quaisquer outras Organizações Internacionais.
Assim, a ser adoptado o Conceito Estratégico proposto, estará a ser criada uma organização militar supranacional que prevê a intervenção activa e directa como método de manutenção da paz. Ou seja, a agressão e a violência como forma de defesa da Paz. É um conceito estratégico que visa criar um bloco político-militar com capacidade de intervenção discricionária, que mantém e reforça a componente nuclear do seu armamento e obriga todos Estados-Membros a assumir
responsabilidades pelas políticas imperialistas de alguns, seja através da disponibilização de meios humanos, materiais e/ou financeiros.
Por tudo isto, os trabalhadores comunistas da CMA/SMAS, reunidos em plenário, decidem:
1. Afirmar o seu total repúdio pelos objectivos declarados e implícitos no novo conceito
estratégico da NATO e a sua vertente belicista, a aprovar na Cimeira da Nato de Lisboa de
19 e 20 de Novembro;
2. Afirmar o seu desacordo com a realização da referida Cimeira da Nato em Lisboa, com a sua
agenda;
3. Exigir ao Governo, a retirada das forças portuguesas presentes em acções militares da
NATO;
4. Reclamar o encerramento das bases militares estrangeiras e das instalações da NATO em
território nacional;
5. Exigir o desarmamento e o fim das armas nucleares e de destruição maciça;
6. Exigir às autoridades portuguesas o cumprimento das determinações da Carta das Nações
Unidas e da Constituição da República Portuguesa, em respeito pelo direito internacional, e pela soberania e igualdade dos povos.