Esta sessão enquadrou-se, também, no assinalar do 35º aniversário do processo das nacionalizações de 1975, e no quadro da luta pela ruptura com as actuais políticas, da luta contra as privatizações anunciadas e em defesa de um forte e dinâmico sector empresarial do Estado, que assegure o controlo dos sectores básicos e estratégicos da economia para fomentar o desenvolvimento do país, impedir o controlo do poder político pelo poder económico e assegurar a independência e soberania de Portugal.

 

Neste quadro, a Comissão Concelhia do Seixal considerou ser importante assinalar a Intervenção na Mundet, empresa da indústria corticeira, que entre 1905 e 1988 laborou no Concelho do Seixal.


Na década de '70 apenas se encontravam em funcionamento as fábricas da Mundet no Seixal e Montijo, num total de cerca de 700 trabalhadores.

 

A partir da Revolução de Abril de '74, assistiu-se a um forte processo de luta dos trabalhadores pela recuperação e viabilização da empresa, dificultado por sucessivos problemas de administração e estratégias de anos anteriores.

 

Pela luta dos trabalhadores é constituída uma comissão administrativa, em Julho de 1975, sendo um administrador nomeado pelo Governo de Vasco Gonçalves e dois antigos quadros da empresa; com a nomeação da Comissão Administrativa desenvolveu-se a empresa. 

 

Em Setembro de 1977, altura em que o Governo, já pela mão de Mário Soares cessa a intervenção do Estado na empresa, a Mundet é entregue aos antigos patrões, contra a vontade dos trabalhadores.

 

A partir desta decisão, a actividade da empresa começou a definhar. Em 1985 os trabalhadores começaram a não receber regularmente os seus salários.

 

A actividade e existência da empresa Mundet terminaram em 1988, mesmo com uma carteira encomendas bastante significativa.

 

Os trabalhadores da Mundet continuam a lutar para receber os salários em atraso e as indemnizações pela cessação do contrato de trabalho. No entanto,  a acção interposta em Tribunal com este objectivo, teve até agora um resultado negativo  para os trabalhadores, tendo sucessivas decisões de tribunais tido com base a legislação actual que prioriza os créditos hipotecários aos créditos laborais.