A EMEF é hoje a única empresa nacional com capacidade para reparar e fabricar material circulante ferroviário, tendo sido ao longo de décadas alvo de uma prolongada e muito profunda ofensiva visando a sua privatização.

No Parque Oficinal Sul, vulgo Oficinas do Barreiro, estão à vista as consequências desta opção politica na degradação a que chegaram as instalações da empresa, na ausência de medidas de modernização e capacitação da empresa para reparar o material circulante que se encontra em serviço na Linha do Sado, ou nas constantes e deliberadas faltas de trabalho, e na enorme redução do número de trabalhadores.

Chegou ao conhecimento do PCP que, apesar de constar no planeamento de trabalho da unidade do Barreiro a reparação e modernização de um conjunto de locomotivas diesel desde o inicio do ano, nada foi feito pela Administração da empresa para admitir os trabalhadores necessários para dar resposta a esta e outras encomendas de trabalho, o mesmo se passando em relação à reparação de vagões.

A ausência de resposta a esta encomenda, para além dos prejuízos económicos que dela resultam para a empresa, pode colocar em causa futuras encomendas de trabalho por parte deste operador, e vem na linha do que anteriormente se tinha passado com os contratos relativos aos “bogies” da Fertagus, que foram perdidos para uma empresa espanhola.

Para o PCP, o sector ferroviário assume um papel estratégico no funcionamento da economia e na mobilidade dos portugueses, com enorme influência no progresso e desenvolvimento económico e social do país. O que no caso do Grupo Oficinal do Barreiro implica que sejam electrificados os 300 metros de linha férrea que ligam a oficina à Linha do Sado, que a oficina sofra as operações necessárias à resposta à manutenção das composições eléctricas que operam na linha do Sado, e entre outras, a admissão dos trabalhadores em falta para responder ao trabalho corrente da oficina.

O Grupo Parlamentar do PCP colocou estas questões na audição na Comissão Parlamentar ao Presidente da CP, que transmitiu que não tinha a informação necessária para responder de forma concreta, razão pela qual o PCP reiterou as perguntas por escrito ao Governo:

1. Que medidas vai tomar para que o Parque Oficinal Sul esteja em condições de responder as estas oportunidades de trabalho, nomeadamente admitindo os trabalhadores necessários?

2. Quando se pretende avançar para a eletrificação dos 300 metros de linha, de modo a possibilitar que os comboios em serviço na operação da CP na linha do Sado não tenham que se deslocar a Lisboa – Campolide para serem reparadas as avarias ou se proceder à manutenção das composições poupando recursos financeiros à empresa e evitando supressões de serviços?

3. Que medidas vai o Governo tomar para aproveitar a capacidade produtiva instalada para a construção e reparação de vagões e componentes?

4. Que medidas serão tomadas pelo Governo e Administração para preservar o património ferroviário, nomeadamente os edifícios existentes no perímetro do parque oficinal?

O Gabinete de Imprensa