Comunicado aos Trabalhadores da CM Montijo

Está simplesmente caótica toda máquina municipal que conta com um milhar de cidadãos, dedicados ao serviço público, sem direcção autárquica, sem organização administrativa, sem respeito pelas relações hierárquicas e com violação destas, sem projecto, planos, programas, priorização, calendarização, constituição de equipas, multidisciplinaridade, e à míngua de quadros, de instalações dignas, de formação permanente, de motivação e, sobretudo de confiança.

A gestão autárquica na Câmara Municipal de Montijo bateu no fundo! A Câmara foi tornada numa Central de Compras que trata da gestão das prestações de serviços das empresas exteriores que tudo fazem dentro ou fora da área operativa: estudam, planeiam, varrem, recolhem o lixo, cortam relva, podam, fazem deservagem química, lavam contentores, compõem calçada, pavimentam, bem como da equipa de Informação e relações públicas que, e é compreensível, é a única a que não chega o tédio e o desespero porque trabalha na imagem da pose do novo PEC, o “Projecto Eleitoral em Curso”!

Sem a direção política dos autarcas, sem quadros técnicos suficientes, com estruturas criadas para simples recolha de fotos de grupo, com um líder que não tem um projecto – a não ser seu, pessoal, da reeleição -, com gabinetes de fachada que só têm denominação:

  • Gabinete da Inovação e Desenvolvimento Económico (GIDE);
  • Gabinete de Apoio ao Consumidor;
  • Gabinete de Apoio ao Munícipe;
  • Conselho Estratégico para o Desenvolvimento Social Local;
  • Conselho Estratégico para o Desenvolvimento Social Local;
  • Gabinete para o Desenvolvimento Empreendedorismo e Inovação (GDEI).

Com instâncias municipais que não reúnem há anos ou com qualquer regularidade mínima (exemplos):

  • Comissão Municipal de Toponímia;
  • Conselho Municipal de Segurança.

O caos é total e não admira, pois, que estejam a ser difundidas pelos trabalhadores do Município, dois tipos de ideias distintas mas que servem o mesmo objectivo: o “Projecto Eleitoral em Curso”…

Por um lado faz-se crer que o fim de ciclo e o afastamento deste projecto pessoal levará à “colocação na prateleira” de todos os funcionários que ideologicamente sigam a orientação política que governa a Câmara há 19 anos consecutivos. São boatos propalados pelos que levaram o medo a todos os recantos da Câmara, que segregaram e afastaram quadros, mesmo da sua própria cor política, e que sentem que se aproxima o fim desta asfixia e dos atentados que provocaram à dignidade profissional e ao brio dos servidores públicos.

Por outro lado, quando confrontados com argumentos e factos que não podem ser negados, de falta de liderança em muitos sectores, ou de liderança incompetente e intrometida em outras áreas, fazem crer que não há alternativa, que para pior já basta assim, que “a nós já conhecem”…

Os trabalhadores da Câmara Municipal de Montijo conhecem, isso sim, as suas condições de trabalho, instalações, meios e instrumentos de trabalho; conhecem do seu ofício, são legitimamente orgulhosos dos seus saberes e competências, são capazes de discernir se os gestores políticos são competentes para o trabalho para que foram eleitos, e sabem que temos razão quando em cada reunião de Câmara denunciamos que este ciclo chegou ao fim, que este “Projecto Eleitoral em Curso” acabou, e que importa afastá-lo tão cedo quanto a democracia representativa o permita.

Está nas mãos do milhar de trabalhadores municipais a construção de uma ALTERNATIVA POLÍTICA que faça da gestão participada, da responsabilidade, da ética política, do trabalho, da sua valorização e estímulo, da honestidade, da competência e da satisfação dos legítimos interesses da população a missão de quem exerce o serviço público em Montijo.