Curiosamente Almada foi um dos cinco municípios (entre cinco da Margem Sul ribeirinha do Tejo) que proclamou a República a 4 de Outubro - uma revolução que no dizer do dirigente comunista «limpou espaço para que a burguesia e as massas populares com o operariado na vanguarda se confrontassem num frente a frente - a luta de classes - directo que cedo levou a morte aos trabalhadores»: logo em 13 de Março de 1911 um operário e uma operária conserveiros grevistas foram assassinados em Setúbal pela recém-criada Guarda Nacional Republicana.

O 5 de Outubro inscreveu-se contudo no sentido progressista da história, liquidando a monarquia e derrotando a fracção burguesa ideologicamente identificada com a mesma, conforme escreveram Bento Gonçalves e Álvaro Cunhal, e por isso na luta anti-fascista nunca deixou de ser comemorado, sempre com particular intervenção do PCP, Partido que, sob a influência da Revolução de Outubro de 1917, na Rússia, emergiu daquele período como o instrumento que faltava à classe operária em expansão.

«Não se trata pois de voltar aos "ideais liberais" de 1910, antes de afirmar que os valores essências que então moveram as classes mais desfavorecidas foram os que conduziram os portugueses ao 25 de Abril», sintetizou Domingos Abrantes.

Foi chamada a atenção para a série de artigos sobre esta matéria que O Militante está publicar, outro importante meio de formação ideológica contra deturpações e mistificações que as comemorações de hoje, em particular as oficiais, propiciam.