A Navigator recorreu ao layoff

O Conselho da Administração da Navigator, a coberto da epidemia Covid-19 e dos efeitos que esta teve na carteira de encomendas decidiu anunciar no passado dia 20/05 que na sequência da suspensão da laboração por 30 dias em diversas unidades industriais, a partir de 1 Junho ia recorrer ao lay-off simplificado, uma medida que a célula do PCP na Navigator considera injustificável, e que afecta as condições de vida de 1199 Trabalhadores, dos quais 112 se encontram no regime de lay-off total e 1087 em lay-off parcial.

Estas medidas obrigam a ter presente algumas questões

A empresa ao longo dos anos tem obtido muitas centenas de milhões de euros de lucro e preparava-se para distribuir este ano 100 milhões de euros de dividendos pelos accionistas.

Este montante era mais que suficiente para garantir o pagamento das retribuições destes trabalhadores, mantendo-se ao serviço da empresa sem que fossem postos em causa os seus postos de trabalho, direitos e salários e sem esbulhar a segurança social de recursos financeiros.

Para a tomada desta decisão, contribui decisivamente a forma como desde o início desta crise a Administração geriu a resposta à epidemia, ou seja não tomou medidas que fossem ajustando os ritmos produtivos nas diversas unidades industriais da empresa à procura que se estava a verificar em função da situação que se vivia no país.

Relembramos aos trabalhadores da Navigator que o caminho encetado pela empresa desde a primeira hora ficou marcado pelas várias tentativas de alterar horários, cortar nos transportes, etc, medidas que só não se concretizaram devido à determinação e unidade dos trabalhadores e das suas estruturas em não permitir que os seus direitos e salários fossem postos em causa.

Que este anuncio na sequência da suspensão da laboração por 30 dias em diversas unidades industriais da Navigator é o culminar de um processo desenvolvido ao longo da crise epidemiológica com que o país se confronta, visando concretizar alterações nas relações laborais e no funcionamento da empresa que lhe permitam aumentar os seus lucros à conta de uma maior exploração dos trabalhadores.

A Célula do PCP afirma aos trabalhadores das fábricas da Navigator, que a empresa tinha o dever de ter estabelecido um plano de contingência que adequasse o funcionamento das diversas unidades produtivas à realidade do país, e que não só não o fez, como escolheu um caminho inverso e de permanente questionamento dos direitos e de crescente pressão sobre os trabalhadores.

A par disso e neste quadro devia ainda ter discutido com as estruturas dos trabalhadores um plano de redução do horário de trabalho (que permitisse uma menor sobreposição de turnos sem qualquer redução de salários e ou de direitos), e de paragens faseadas para antecipação de operações de manutenção que lhe permitissem acomodar a produção, à procura existente, acções que deviam ser complementadas com um plano de formação.

Reafirmamos que este não é o caminho e apontamos outro rumo

Aproveitar este período de retracção, para realizar operações de manutenção de maior profundidade nos equipamentos que estão parados.

Efectuar neste período intervenções e operações de manutenção e beneficiação, necessárias à melhoria das condições de trabalho. ao nível das instalações e equipamentos.

Estabelecer um plano Navigator para a retoma da actividade em todas as unidades produtivas.

Que os trabalhadores da Navigator vejam compensado o esforço desenvolvido por eles ao longo dos anos através do respeito dos seus direitos e melhoria dos seus salários.

Reafirmamos aos trabalhadores das fábricas da Navigator que hoje, como no passado podem contar com o PCP na primeira linha da defesa dos seus interesses, e relembramos que os seus direitos não estão de quarentena. É hora de valorizar o trabalho e os trabalhadores.

Setúbal 08 de Junho de 2020