A pretexto da sobreposição de respostas a nível hospitalar, há já indício de esvaziamento dos Centros Hospitalares de Setúbal e Barreiro/Montijo. Parece que tudo se encaminha para que estes hospitais assegurem urgências básicas, centralizando as urgências mais diferenciadas no HGO ou nos hospitais em Lisboa. A perda de diferenciação no serviço de urgências hospitalares significa que a médio prazo, o hospital perca também diferenciação.

O Centro Hospitalar do Barreiro/Montijo já perdeu a consulta de dermatologia/venereologia e o serviço de oncologia, altamente diferenciado, permanece sem a contratação dos profissionais necessários e mais recentemente saiu o único médico especialista em hematologia oncológica sem ter sido substituído.

O Centro Hospitalar de Setúbal já perdeu as urgências nas especialidades de otorrino, de cirurgia pediátrica, de oftalmologia e está comprometida a de obstetrícia, devido à falta de profissionais na urgência pediátrica, sendo actualmente assegurada por clínicos gerais (nos casos mais complexos são encaminhados para o HGO ou para hospitais em Lisboa). Prevê-se ainda o fim da ortopedia pediátrica no Hospital do Outão.

Apesar de o Governo anunciar que há camas a mais, a realidade demonstra o contrário. Por exemplo no Hospital do Barreiro a falta de camas é de tal modo grave, que em determinados momentos já se chegou à situação de colocar doentes com pneumonia ao lado de doentes oncológicos.

A reorganização hospitalar em curso pelo Governo não pretende melhorar os cuidados de saúde prestados à população. O único propósito é reduzir, concentrar e encerrar serviços para reduzir despesas. Mais uma vez os critérios de natureza economicista imperam sobre a saúde dos portugueses.

Os deputados do PCP, Paula Santos, Francisco Lopes e Bruno Dias quiseram saber se o Governo confirma que está em curso um plano de esvaziamento dos Centros Hospitalares de Setúbal e do Barreiro/Montijo e a concentração de valências no Hospital Garcia de Orta, qual a perspectiva do Governo para a resposta de cuidados hospitalares das três unidades hospitalares da Península de Setúbal e qual a solução de reorganização para esta região.

Os deputados comunistas interrogaram o Governo sobre a maneira como este pretende que o Hospital Garcia de Orta dê resposta aos utentes da Península de Setúbal, no caso da concentração de diversas especialidades, se hoje já não tem capacidade de resposta para a população que abrange e qual o motivo que levou à perda de valências dos Centros Hospitalares do Barreiro/Montijo e de Setúbal.