O Governo poderá argumentar que há hoje menos procura nestas ligações do que havia antigamente, e que existe agora a alternativa do comboio. Sabemos bem que "encaminhar" passageiros do autocarro para o comboio é a estratégia da empresa privada que detém simultaneamente estes dois serviços. O problema é que o passe social intermodal, que é válido para a ligação de autocarro pela Ponte, não é válido para a ligação de comboio, e assim os utentes estão a ser penalizados de uma forma inaceitável.

Por outro lado (para além da Transtejo e considerando neste âmbito apenas a travessia rodoviária pela Ponte 25 de Abril) a Carris pode ser - e é para muita gente - uma alternativa real para quem faz este percurso, com qualidade, regularidade, conforto. Mesmo sem as ligações que os TST continuam a deter em exclusividade (para a Praça de Espanha, Praça do Areeiro, Cidade Universitária), o serviço deste operador público poderia e deveria ser incrementado, com mais circulações e horários mais abrangentes. Não há razões que justifiquem a exiguidade da oferta da Carris nesta ligação.

Com efeito, a carreira da Carris agora designada por 753 continua a funcionar apenas de segunda a sexta-feira, e apenas até às 22 horas (21:30 no sentido Lisboa/Almada) - e mesmo aqui também se procedeu a uma diminuição da oferta, eliminando-se uma circulação em cada sentido no período de Verão, três no período de Inverno. E a carreira 752 passou de cinco para quatro (!) circulações entre o Centro Sul e Alcântara, também apenas de segunda a sexta-feira.

Registe-se em todo o caso que também aqui se verifica comparativamente uma significativa degradação do serviço do operador privado (TST) face ao público (Carris), e se confirma a importância social e económica de se garantir um operador público ao serviço das populações.

A verdade é que estão a ser retiradas alternativas aos utilizadores do passe social; este está cada vez mais caro, mas permite cada vez menos ligações em transporte público; e mesmo o Metro Sul do Tejo só permite usar o passe social se pagarmos um "complemento" de 9€euros. E os TST continuam a receber verbas do Estado para "compensar" a integração no passe intermodal! Esta política de transporte pode ser benéfica para os privados que exploram o serviço, mas é desastrosa para as populações.

O deputado do PCP, Bruno Dias, quis saber como explica o Governo que tenha sido decidida uma tão grande redução da oferta de transporte público nesta ligação rodoviária entre Almada e Lisboa, sem a criação ou o reforço de alternativas no âmbito do sistema do passe social intermodal, e que medidas serão tomadas para aumentar a oferta do operador público Carris nesta ligação, com o reforço de circulações e o alargamento de horários.