Foi noticiado num órgão de comunicação social local que a Administração do Centro Hospitalar reconheceu que esta situação tem maior expressão no aumento das listas de espera para consultas nas especialidades de psiquiatria e dermatologia; e que "a Dermatologia desapareceu do Hospital (apenas se encontra uma médica em tempo parcial); na Urologia, os médicos não são suficientes para as necessidades e existem dois médicos contratados que só fazem consulta; em Ginecologia/Obstetrícia é necessário contratar tarefeiros para garantir as Urgências e alguns médicos estão a optar por tempo parcial, o que vai colocar dificuldades acrescidas ao funcionamento da especialidade; em Otorrinolaringologia, todos os médicos pediram a dispensa da Urgência, pelo que, neste momento, ela acabou no nosso Hospital; em Psiquiatria, de 10 médicos passou-se a 4, com a quase destruição do Departamento; existem ainda constrangimentos em Anestesiologia e Anatomia Patológica".


A desvalorização das carreiras médicas, a retirada de direitos, a imposição de políticas de saúde subordinadas a objectivos economicistas, e que colocam em segundo plano a qualidade dos cuidados de saúde prestados, tem conduzido à saída antecipada de muitos médicos.


Para colmatar a falta de médicos, o CHBM tem sido obrigado a recorrer à contratação de serviços médicos a empresas, para assegurar o normal funcionamento dos serviços, a custos exorbitantes, muito superiores à retribuição mensal dos médicos, e muitas vezes a qualidade dos cuidados de saúde não é garantida.

 

As preocupações de pessoal estendem-se também ao nível dos enfermeiros. A reabertura do serviço de cirurgia no Montijo (actualmente encerrado para obras de reconversão), implicará a necessidade de mais enfermeiros.


A situação em que se encontra o CHBM deve-se às políticas de saúde do Governo, de degradação dos serviços públicos de saúde, assente no desinvestimento na área da saúde, de sucessivos erros de estrangulamento na formação de médicos, no congelamento de admissões para a função pública, na desvalorização dos profissionais da saúde, com carreiras que não correspondem às justas reivindicações dos trabalhadores e pelo aprofundamento do ataque aos direitos dos trabalhadores da função pública.


Cada vez mais, o Governo coloca em causa o princípio constitucional de assegurar a todos os portugueses o direito a cuidados de saúde com qualidade.


Os deputados do PCP, Paula Santos e Bruno Dias, entregaram na Assembleia da República uma pergunta, querendo saber se o Governo conhece a situação em que se encontra a funcionar o Centro Hospitalar Barreiro Montijo e que medidas tomou ou pretende tomar para colmatar a carência de médicos em diversas especialidades.


Os deputados do PCP interrogaram o Governo para saber se este pretende criar e/ou rever as carreiras médicas e de enfermagem que valorizem e dignifiquem os profissionais na área da saúde, sem retirar os seus direitos. Questionaram também se vão ser abertos concursos públicos para a contratação dos enfermeiros em falta, na sequência da reabertura do serviço de cirurgia no Montijo.