Encerraram-se e concentraram-se serviços; aumentaram de forma brutal as taxas moderadoras, reduziu-se a atribuição de transportes a doentes não urgentes, aumentou a carência de profissionais, aumentaram os já elevados tempos de espera para as consultas, as cirurgias e os tratamentos.

Tudo isto criou obstáculos no acesso dos utentes aos cuidados de saúde. Mas, mais do que criar dificuldades e impedir o acesso dos utentes aos cuidados de saúde, introduziram-se também elementos de desigualdade nesse mesmo acesso. Dados do Instituto Nacional de Estatística dizem-nos que as dificuldades financeiras das famílias foram a principal razão para a não satisfação dos cuidados de saúde.

As despesas da saúde nas famílias são, de facto, enormes. Aliás, Portugal é o país que se destaca pela negativa exatamente por este indicador. À medida que diminuiu o investimento público, aumentaram as despesas de saúde para as famílias.

O concelho de Alcochete, infelizmente, não ficou imune a estas políticas, tendo sofrido, nos últimos anos, as consequências destas opções erradas e contrárias aos anseios e expetativas das nossas populações.

Em 2010, encerrou a extensão de saúde de São Francisco e mais recentemente, a extensão de saúde do Passil, deixando aquela população ainda mais limitada, naquele que foi um dos mais significativos direitos alcançados pela Revolução de Abril.

Sem qualquer justificação ou argumento válido, o anterior governo PSD/CDS, encerrou extensões de saúde, deixando as populações desprotegidas e sem acesso a cuidados de saúde, ao mesmo tempo, que reduziu o número de profissionais, médicos, enfermeiros e pessoal administrativo.

Em Alcochete, já são mais de 6.500 utentes sem médico de família e não há qualquer perspetiva de colocação de mais médicos. Esta falta de pessoal médico e de enfermagem tem igualmente consequências ao nível do número de consultas e de tratamentos de enfermagem. Muitos programas de saúde foram suspensos e por isso aquilo que se exige, é que este novo governo PS, não continue com a mesma linha de encerramento de unidades de saúde que tanta falta fazem às nossas populações.

O PCP, solidário com a luta da população, do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos de Alcochete (MUSPA), da Comissão de Utentes dos Serviços de Saúde do Samouco e das autarquias, irá desde já questionar o governo na Assembleia da República através do seu grupo parlamentar e agendou uma visita ao centro de saúde de Alcochete para o próximo dia 9 de Maio com a deputada Paula Santos, por melhores cuidados de saúde no concelho de Alcochete.

A Comissão Concelhia de Alcochete do PCP exorta para que a luta se intensifique, pela reabertura imediata das Extensões de Saúde no lugar do Passil e na freguesia de São Francisco, a colocação de mais médicos e de mais enfermeiros em todas as Extensões de Saúde e pela construção do Hospital inter-concelhio Montijo/Alcochete;

Tal como no passado, o PCP continua hoje, lado a lado com as populações, a exigir o cumprimento do direito constitucional do acesso à Saúde, por uma política patriótica e de esquerda, os valores de Abril no futuro de Portugal.

Alcochete, 5 de Abril de 2016