Quanto às medidas políticas adoptadas no Sector Ferroviário, agravam a situação económica e social e põem em causa a capacidade instalada, tornando o país ainda mais vulnerável, pelos efeitos que a seguir se descrevem:


1. O Pólo Ferroviário no Barreiro constituiu desde sempre um factor determinante, tendo em conta a sua capacidade em infra-estruturas, a localização e mão-de-obra especializada, contribuindo para o desenvolvimento e modernização do Concelho e satisfação das necessidades do país no âmbito da conservação e reparação do material circulante.


2. Tendo em conta as medidas políticas de encerramento de diversas empresas, total ou parcialmente, é com grande preocupação que verificamos a falta de trabalho no Parque Oficinal Sul (POS), que sustenta a taxa de ocupação efectiva dos trabalhadores no Barreiro em apenas 36%. Contudo, este número não é obra do acaso, nem da conjuntura da crise, existe sim, uma linha de orientação que visa o encerramento deste estabelecimento.

De 99 locomotivas Alsthom que estavam "dadas" em termos de reparação ao Barreiro, 5 foram "desviadas" para o Entroncamento. Para reparação, 16 era o número de locomotivas Diesel no Barreiro até ao 1º trimestre de 2012, ao abrigo do Projecto Argentina. Hoje, nenhuma tem entrada definida e ninguém é responsabilizado pela paragem deste projecto, que permitiria outra percentagem de ocupação efectiva dos trabalhadores.


Também existe o problema do trabalho que é feito no exterior e que poderia ser executado no POS. Exemplo: reparação e manutenção de pontes elevatórias e empilhadores (Decisão do Director de Logística).



3. Outra preocupação é naturalmente a perspectiva do Governo em privatizar a EMEF e as parcerias com empresas privadas, quer inicialmente com a Siemens com execução prevista para o (2º semestre de 2010) e mais recentemente com a entrada em acção da DB, empresa de capitais públicos alemã. É de realçar que o Acordo de Empresa/ EMEF terá que estar salvaguardado para os trabalhadores que integrarem o projecto EMEF/ Siemens ou DB alemã.


Na mesma onda de privatizações, situam-se os exemplos das Linhas Suburbanas de Lisboa e do Porto (as rentáveis), assim como a CP-Carga, vertente ferroviária do transporte de mercadorias, que se antevê altamente lucrativa, mas que só existe mediante o investimento público realizado, e que tem nos trabalhadores o principal e único activo, uma vez que em termos de serviços ou locomotivas nada pertence à CP-Carga.



4. Exemplo de precariedade constitui o facto de a Administração da EMEF ter apostado ao longo da última década nos contratos a prazo, sendo que em mais de 90% dos casos, os trabalhadores desempenham funções de carácter permanente às quais deveria corresponder um vínculo efectivo. Em 2006 existiam 65 trabalhadores nesta condição, hoje são 213 (mais do triplo).


Durante o período de férias, a Empresa denunciou 4 contratos, tendo o SNTSF e a CT/EMEF agido junto da ACT/ Barreiro, que levantou 4 autos com contra-ordenações à EMEF que preferiu o caminho do conflito em detrimento da paz social, uma vez que não aceitou a reintegração desses trabalhadores que exerciam funções permanentes.


Perante este cenário, a Célula da EMEF/ Barreiro que elegeu o seu novo Secretariado e definiu planos para alargar a sua capacidade de intervenção tendo em conta a elevação da consciência de classe e o fortalecimento do PCP, a unidade e acção dos trabalhadores, vai continuar a lutar pela defesa e reforço do Pólo Ferroviário no Barreiro, pelo direito ao emprego, pelo emprego com direitos e a estabilidade no trabalho!