Esta "concessão" representa na verdade uma subconcessão da Rede Rodoviária Nacional em que, quer as novas construções quer a conservação das vias actuais (IC-20, IC-21, IC-3 e IC-32) constam do Plano Rodoviário Nacional e passam agora da responsabilidade da Estradas de Portugal para a alçada de empresas privadas.   Trata-se de um modelo de exploração, financiamento e manutenção que compromete o futuro do serviço público num domínio decisivo para a coesão territorial e o desenvolvimento nacional e regional, e que penaliza as populações da Margem Sul do Tejo com mais uma portagem (fonte de rendimento para a exploração privada destas estradas).   A Circular Regional Interna da Península de Setúbal (CRIPS/IC-32), ligando a Trafaria ao Montijo e Alcochete, é uma reivindicação antiga das populações, do PCP e das autarquias da região, e já constava do Plano Inter-Concelhio de Ordenamento da Circulação mandado elaborar pelos municípios de Almada, Seixal e Sesimbra em 1983.   Desde então e até hoje, os eleitos do PCP na Assembleida da República e nos órgãos autárquicos do Concelho de Almada afirmaram reiteradamente a exigência da concretização desta via, que actualmente existe apenas entre a Ponte Vasco da Gama e o nó de Coina  sem qualquer cobrança de portagem.   Esta nova portagem que o Governo anuncia é mais uma medida que vem agravar as já difíceis condições de vida da população da Margem Sul. Que  já é penalizada com a portagem na Ponte 25 de Abril e com os custos do transporte público que é dos mais caros da Área Metropolitana de Lisboa.   Acresce que esta medida não tem correspondência equivalente na Margem Norte da Área Metropolitana de Lisboa, já que, como se sabe, não existe  e muito justamente  qualquer portagem na Circular Regional Interna de Lisboa (CRIL/IC-17).   Esta decisão do Governo, de introduzir o regime de portagens nos novos troços da CRIPS/IC-32, prossegue assim a linha de discriminação negativa que ao longo dos anos os sucessivos governos têm assumido contra as populações da Margem Sul do Tejo.   Assim, face ao considerandos acima expostos, a Comissão Concelhia de Almada do PCP rejeita a introdução de quaisquer portagens na Circular Regional Interna da Península de Setúbal (CRIPS/IC-32), em nome da equidade democrática e do interesse das populações do Concelho.