A candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República afirmou um projecto diferente e introduziu no debate eleitoral os problemas do país, a denúncia das políticas e dos responsáveis pela situação de desastre nacional, os poderes e funções que são exigidos a um Presidente da República que respeite e faça respeitar a Constituição da República. A nossa candidatura foi a única a colocar na campanha questões cruciais como a valorização do trabalho, dos trabalhadores e dos seus direitos, a produção nacional, a exigência da subordinação do poder económico ao poder político, a afirmação da soberania e independência nacional. Foi verdadeiramente uma campanha de esclarecimento e mobilização popular como nenhuma outra.


Os comunistas, ecologistas e muitos outros democratas e patriotas, que encontraram nesta candidatura o espaço de combate e intervenção na defesa do regime democrático saído do 25 de Abril e de reafirmação de valores que prestigiam a acção política, deram um contributo decisivo para a elevação da consciência dos trabalhadores e do povo português e para a denúncia do papel de Cavaco Silva como um dos responsáveis políticos pela actual situação.


Cada um dos votos na candidatura de Francisco Lopes é um voto que conta no combate ao desalento e ao desânimo e é uma força essencial para a luta que continua.


Francisco Lopes alcançou nos nove concelhos da Península de Setúbal um resultado significativo (17,53% e cerca de 48 mil votos) e foi o candidato mais votado em seis freguesias. Resultado só possível com o empenho activo e militante de milhares de comunistas, ecologistas e independentes, que a DORS saúda calorosamente.


A elevada abstenção, na região como no país, revela o descrédito a que a política de direita nos tem conduzido. Na Península de Setúbal, face às eleições presidenciais de há cinco anos, votaram menos 77 mil eleitores. É uma realidade que coloca na ordem do dia a necessidade da mobilização, do esclarecimento, da luta e da participação dos trabalhadores e das populações. Um combate que o PCP se propõe continuar, com a convocação de todos os democratas, rechaçando o conformismo e a inevitabilidade dos trilhos impostos pelo grande capital, apontando a ruptura com a política de direita e a mudança para uma política patriótica e de esquerda como o caminho seguro para a resolução dos problemas com que o país e o povo se confrontam.


A reeleição de Cavaco Silva fica marcada pela perda de mais de meio milhão de votos em todo o país e pelo facto de ser o Presidente da República na história da democracia portuguesa eleito com menos votos. A sua reeleição será um factor de agravamento do rumo de declínio económico e de injustiça social, mas não impedirá que se amplie e intensifique a indignação, o protesto e a luta de todos quantos não aceitam o rumo de desigualdades e injustiças que tem patrocinado.


A existência de várias anomalias durante o acto eleitoral, nomeadamente com os portadores de cartão do cidadão, mas também com erros nos cadernos eleitorais, responsabiliza directamente o Governo, de quem depende a organização da votação.


A luta pela ruptura e a mudança continua!


A DORS do PCP saúda a luta dos trabalhadores e do povo, contra o corte nos salários, o aumento do custo de vida e a degradação dos serviços públicos, com destaque para a manifestação convocada pela União dos Sindicatos de Setúbal / CGTP-IN para dia 27 de Janeiro, em Setúbal, e para as acções já agendadas nos sectores dos transportes e comunicações e da administração pública local e central.


A DORS abordou o trabalho de preparação da 8ª Assembleia de Organização Regional de Setúbal, que se realizará a 10 de Abril, em Almada, e apontou linhas de trabalho para as comemorações do 90º aniversário do PCP, que se cumprem a 6 de Março e se prolongarão durante todo o ano de 2011.


A DORS apela a todas as organizações e militantes do Partido para que se empenhem no desenvolvimento da sua acção própria e no reforço dos movimentos de massas, contra a política de direita e pela necessária e urgente ruptura e mudança, por uma política patriótica e de esquerda.